segunda-feira, 10 de junho de 2013

Zé Ramalho contra os dragões da maldade da internet

O cantor paraibano Zé Ramalho terminou sendo "obrigado" a anunciar que está vivo. Para isso, usou sua página oficial no Facebook. Ao criticar os boatos sobre sua morte - que ele atribui a pessoas "capazes de inventar e espalhar, criminosamente, uma matéria mentirosa" por conta do "anonimato da internet" -, o artista reagiu indignado. Ele é mais uma pessoa pública que se vê diante de um fenômeno comum quanto maior é a ampliação do uso das mídias sociais: a reprodução indiscriminada de "notícias", principalmente aquelas sem o menor fundamento. Este foi o caso da "morte" do cantor, que passou por uma cirurgia e está vivo, muito bem e até retomou sua agenda de shows pelo país.

É lamentável que seja corriqueiro ver pessoas com quem mantemos contato em mídias sociais como o Facebook reproduzirem "notícias" (ou algo que pensem se aproximar do que pensam ser notícia, mesmo que sejam boatos, histórias pela metade, inverdades, calúnias etc), fotos de "crianças abandonadas" (no Brasil, na Indonésia, no Gabão, não importa, o negócio é comover!), montagens de toda sorte - enfim gente de vários níveis sociais, econômicos e culturais embarcando em muita coisa sem comprovação alguma. É a velocidade da internet e o imediatismo ampliando até coisas bizarras com as quais muita gente não concordaria em sã consciência.

Seria cômico se não fosse trágico saber que uma figura como Zé Ramalho foi, igual a tantas outras, vítima desse vírus do imediatismo desenfreado (e irresponsável) que assola as mídias sociais. Outras figuras públicas já passaram por isso, mas ver o próprio artista sendo "obrigado" a garantir que está vivo é, no mínimo, bizarro!

Uns, certamente, fazem isso por certa dose de ingenuidade. Outros, por pura desinformação, que pode vir acompanhada pelo deslumbre que a presença na rede mundial causa. Outro grupo de pessoas, sem dúvida, pela completa maldade. O negócio seria "espalhar o terror", pois existem novatos, incautos, desavisados, desinformados em excesso e por aí vamos. Ou seja, um território fértil para esse tipo de uso da internet. E também porque muita gente acredita que está produzindo "informação" - mesmo que esta não passa, muitas vezes, de um relato pessoal sobre intimidades, coisas do cotidiano ou puro exibicionismo.

É bom lembrar que nada disso deve ser motivo para qualquer restrição às liberdades de uso deste ou de qualquer outra forma de manifestação via internet. Aqui deve continuar sendo o território livre da informação.

O problema é quem produz (e reproduz) tudo o que vê pela frente. A estes, sim, no mínimo, recomenda-se um exame de consciência sobre o uso de uma ferramenta tão interessante e útil, como é o caso do Facebook. Se não colaborarmos com a reprodução de asneiras e mentiras já teremos dado um grande passo. Não custa nada ligar o desconfiômetro toda vez que aparecer alguém anunciando algo que ninguém confirmou. E, menos ainda, curtir, reproduzir ou passar à frente ideias, "notícias" ou informações com as quais você não tem a menor concordância. Isso ajuda e muito!