segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Contato com estudantes da rede de ensino de Votuporanga

Uma das atividades do livro que me fizeram muito feliz neste ano foi a visita à cidade de Votuporanga, na região noroeste do Estado de São Paulo. A série de palestras para estudantes da rede municipal de ensino local reforçou minha convicção sobre a importância do contato do escritor com as crianças e adolescentes. Estimula a criatividade e mostra como cresce o interesse delas pela leitura e pela escrita. Reproduzo abaixo um trecho de uma matéria de um site votuporanguense que noticiou minha passagem pelo município no início deste mês:

REDE MUNICIPAL: PROJETO "ESCRITOR NA ESCOLA" TRABALHA A INCLUSÃO

do Site Votunews, de Votuporanga (SP)

"A necessidade da reflexão sobre o respeito sem limites às diferenças foi o tema abordado pelo autor Djair Galvão Freire durante toda esta semana com os alunos dos Centros de Educação Municipal (CEM) da Rede de Ensino de Votuporanga. A programação faz parte do projeto “Escritor na Escola”.

Clique aqui e leia a matéria completa.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Uma boa história brasileira sobre poder, ambição e egoísmo

ARTIGO

A ambição e o egoísmo bem retratados em ‘Serra Pelada’

Por Djair Galvão*

A tendência humana de ceder à ambição e priorizar atitudes egoístas povoa o universo da literatura, do cinema e sempre se faz presente em outras manifestações artísticas.

Reafirmando esta tendência, o diretor de cinema Heitor Dhalia uniu-se ao ator Wagner Moura para dirigir e produzir o filme “Serra Pelada”, em cartaz em circuito nacional desde a última sexta-feira (19). A história resgata a epopéia da “corrida do ouro” brasileira ambientada no Pará na década de 1980 - numa área de onde saiu considerável parte da produção de ouro nacional e deu origem a uma cultura singular na região amazônica.

O roteiro é bem simples e direto: dois amigos deixam São Paulo em busca do ouro e se misturam a um universo de 20 mil garimpeiros oriundos de todos os cantos do país. A febre do ouro muda comportamentos, o que no dizer de um dos protagonistas do filme se resume à frase “este lugar piora as pessoas”. Misturam-se naquele lugar ambição, cobiça, sofrimento, poder, dominação e o resultado é o pior que se pode esperar.

A tentativa do governo militar de exercer algum “controle” sobre o garimpo criou uma nova “sociedade”: a 30 quilômetros do local, uma cidade foi erguida da noite para o dia. Lá, permitia-se tudo o que não era possível ter no garimpo – tais como homens, mulheres, bebidas, armas e toda sorte de desvios de comportamento que esta “mistura” produzia.

Após conseguirem o ouro tão desejado, os amigos da história de Heitor Dhalia e Wagner Moura entram em conflitos que só aumentam. A cobiça transforma a relação dos dois no mesmo ponto do qual falava o cantor Paulinho da Viola no clássico samba “Pecado capital” – “Quando o jeito é se virar, cada um trata de si/ Irmão desconhece irmão”.

Com ambientação perfeita, trilha sonora com lambadas, cabarés, bares e vilarejos que mais lembram paragens do Velho Oeste dos filmes americanos, “Serra Pelada” reproduz uma fase da recente história brasileira que precisa ser conhecida por todos nós. O filme pode deixar uma boa lição: a construção de uma nova sociedade passa, necessariamente, pela depuração dos seus erros, virtudes e costumes. Novos valores podem dar lugar ao que um dia foi uma montanha de erros, como no caso de Serra Pelada.

* Jornalista, professor e escritor, autor de O Saci de Duas Pernas (Eureca Produções, 3ª edição)

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Quem ensina, aprende!

Na passagem de mais um Dia do Professor, sempre vale a pena reforçar a mensagem simples que diz: "Quem ensina, aprende". Aprende com a experiência de quem compartilha conhecimento, com quem convive, com a família, com os livros, a internet, as ruas, os colegas, os vizinhos, as experiências dos mais antigos - enfim é um sempre um aprendizado.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Artigo: Exposição em SP celebra a diversidade do mundo

Será que o mundo é como imaginamos?

Por Djair Galvão*

A mais recente exposição do premiado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado tem méritos que superam a beleza plástica das imagens. “Genesis” reúne 245 fotografias dos quatro cantos do mundo com o propósito de ensinar algo simples e direto: o mundo não é, necessariamente, do jeito que imaginamos.

Quem mora nas grandes metrópoles é tentado a pensar o universo humano em conglomerados habitacionais, ruas e avenidas largas, cheias de carros, centros comerciais, prédios, casas, luzes, cores e muita gente circulando por todos os lugares. O nascer e o pôr do sol são ditados por esse ritmo.

Salgado prova que não é bem assim: uma família mora em uma casa no alto de uma árvore na África, um habitante do Ártico desliza suavemente em seu trenó puxado por renas – sem pegar congestionamento algum – e um caçador de aves em Papua-Nova Guiné exibe sua caça para as lentes do brasileiro sem se preocupar com o que pensam os defensores dos animais noutras partes do globo. Noutro momento, somos transportados para geleiras magníficas ou ficamos diante de iguanas gigantes de Galápagos, de jacarés do Pantanal e de leopardos do Quênia. Leões-Marinhos, indianos, habitantes da Sibéria, ariranhas, albatrozes e suas asas gigantes e a manada de elefantes enfeitam este cenário rico deste “outro mundo”.

É tanta beleza que parece não caber no olhar. A diversidade de rostos, lugares, tipos, ambientes inóspitos (para pessoas como nós) multiplica as possibilidades. Em dado momento você é tentado a pensar que tudo parece um filme. E não deixa de ser. É um conjunto de imagens, de gentes e de coisas, mas é a realidade. A realidade de boa parte dos bilhões de moradores do nosso planeta.

Em cartaz em São Paulo no Sesc Belenzinho, a exposição é uma aula foto a foto. Mostra que estamos pouco preparados para olhar para os outros. Olhar sem julgar. Sem querer que os outros sejam como gostaríamos ou como imaginamos. O que dizer dos índios do Xingu em seus trajes de cerimônia religiosa ou da mãe que carrega suas três crianças em um campo da Namíbia sem se preocupar com o que eu penso, faço ou deixo de pensar em São Paulo? Eles não sabem que eu existo, certamente nunca saberão e nem posaram para Salgado pensando nisso. Simplesmente se deixaram registrar porque confiaram no modo como ele os vê. Como eles realmente são.

O pai, a mãe, o professor ou a professora que quiser explicar aos pequenos (ou para os já crescidinhos) o que é diversidade, basta levá-los a estes universos eternizados nesta mostra. As imagens ensinam mais do que palavras, engolem qualquer discurso moralizador e encantam porque são reais. Lá não existem pessoas posando e nem lugares previamente preparados para as fotos. Mesmo que fosse assim, a mensagem não mudaria o principal: nosso olhar precisa ser “retreinado”. Nossas cabeças estão muito restritas a um cotidiano que nos aprisiona e nos torna tão pequenos diante de um mundo tão vasto e belo.

Esta é a moral desta fábula de imagens, de preto e branco, luzes e beleza: o mundo é tão diverso que não temos o direito de resumi-lo a uma visão mesquinha e pobre como a que construímos nesta nossa parte do mundo. Quem olhar detidamente as imagens captadas por Sebastião Salgado em “Genesis” vai pensar duas vezes antes de alimentar preconceitos tão idiotas quanto pensar que é o centro do universo.

* Jornalista, professor e escritor, autor de “O Saci de Duas Pernas” (Eureca Produções, 3ª edição)

domingo, 29 de setembro de 2013

Palestra para 350 estudantes da rede municipal de SP

Voltei na última sexta-feira (27) ao Teatro Carlos Zara, no Centro Educacional Unificado (CEU) Butantã, na zona oeste de São Paulo, para nova palestra. Foi a vez de conversar com estudantes da EMEF Professor Alípio Correa Neto - localizada no mesmo bairro. Cerca de 350 crianças do ensino fundamental participaram do encontro, que ao final foi transformado em uma entrevista descontraída sobre o meu trabalho, o livro, as experiências pessoais e minhas observações sobre inclusão, discriminação e diversidade.

Iniciamos a atividade com uma entrevista bem-humorada conduzida pelo músico e agitador cultural Chico Esperança, que integra a equipe de Cultura daquele CEU. As perguntas foram sobre os personagens do livro O Saci de Duas Pernas.

Em seguida, uma das professoras presentes levou o microfone até os estudantes, que passaram a me entrevistar ali mesmo. Foram momentos descontraídos, criativos e muito animados. As perguntas deles deram margem a muita imaginação, atiçaram o desejo de ler, de criar e de conhecer ainda mais sobre o tema.

Ao final, muitas fotos e desejo de partilhar a experiência pelas redes sociais - promessa que a maioria fez ao sair do teatro e saber que o livro e o autor estão no Facebook e no Twitter.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Professores da rede municipal de Resende conhecem o Saci

O auditório da Associação Educacional Dom Bosco (AEDB), de Resende (RJ), ficou lotado para acompanhar a palestra do escritor, professor e jornalista Djair Galvão sobre a inclusão e a diversidade. O evento - realizado dia 30 de agosto - marcou a Semana Municipal de Apoio à Pessoa Com Deficiência, promovida pela Secretaria Municipal de Educação de Resende, no sul fluminense.

Cerca de 200 educadoras e educadores da rede municipal prestigiaram a apresentação do autor. A palestra durou cerca de duas horas com o autor revisitando sua formação pessoal, suas atividades profissionais e a construção do livro. Também foram abordadas experiências pedagógicas e culturais vinculadas ao texto de O Saci de Duas Pernas.

O CEMAE (Centro Municipal de Apoio ao Educando) foi o responsável pela ida de Djair Galvão ao município. O escritor considerou a visita uma troca de experiência produtiva, e que espera ampliar a parceria com os educadores e educadoras daquele município.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Dia de encontro com leitores do Colégio Mary Ward

Dia 15 passado estive em São Paulo com estudantes do Colégio Mary Ward - unidade do bairro Tatuapé, na zona leste da capital. Ao todo, 22 meninos e meninas do Período Integral, sob a orientação da professora Alexandra P. Grassini.

Minha visita ocorreu como parte de um projeto de Ensino Religioso para estudantes do Integral. Segundo a coordenadora do Ensino Religioso, Lurdes Paier, "o objetivo das atividades é promover reflexões e mudanças de atitude para os alunos, que possam construir um mundo mais pacífico e com mais respeito".

Foi um encontro com muita participação, com perguntas, intervenções e farta distribuição de sorrisos da criançada. Todos demonstraram interesse e conhecimento da história do Saci de Duas Pernas. O trabalho anterior - de leitura e atividades com o livro - facilitaram o bate-papo comigo e com as professoras presentes.

Quem quiser ver um álbum com mais fotos do encontro, favor acessar aqui.

Agradecimentos à equipe do Mary Ward e a todos que colaboraram com a visita!

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Palestra em Resende (RJ) dia 30 de agosto

Participo neste ano da Semana Municipal de Valorização da Pessoa com Deficiência, promovida pela Secretaria Municipal de Educação de Resende, na região do sul fluminense. O tema é Inclusão e Diversidade em O Saci de Duas Pernas. O convite partiu do Centro Municipal de Atendimento do Educando (CEMAE).

A palestra que ministrarei a educadores e educadoras da rede municipal de ensino resendense acontecerá dia 30 agosto, a partir das 14h, no auditório da Faculdade Associação Educacional Dom Bosco (AEDB).

A organização do evento já disponibilizou o cartaz com a programação completa da semana (reprodução).

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

2ª temporada do Sítio em desenho animado na Globo

Do site Meio & Mensagem

Sítio do Picapau Amarelo volta à Globo

"Em parceria com a Mixer, a Globo estreia a segunda temporada do “Sítio do Picapau Amarelo”, em versão desenho animado. As aventuras de Narizinho, Emília, Visconde de Sabugosa e outros personagens criados pelo escritor Monteiro Lobato serão transmitidas a partir do próximo sábado 10, às 8h". Leia mais aqui.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Zé Ramalho contra os dragões da maldade da internet

O cantor paraibano Zé Ramalho terminou sendo "obrigado" a anunciar que está vivo. Para isso, usou sua página oficial no Facebook. Ao criticar os boatos sobre sua morte - que ele atribui a pessoas "capazes de inventar e espalhar, criminosamente, uma matéria mentirosa" por conta do "anonimato da internet" -, o artista reagiu indignado. Ele é mais uma pessoa pública que se vê diante de um fenômeno comum quanto maior é a ampliação do uso das mídias sociais: a reprodução indiscriminada de "notícias", principalmente aquelas sem o menor fundamento. Este foi o caso da "morte" do cantor, que passou por uma cirurgia e está vivo, muito bem e até retomou sua agenda de shows pelo país.

É lamentável que seja corriqueiro ver pessoas com quem mantemos contato em mídias sociais como o Facebook reproduzirem "notícias" (ou algo que pensem se aproximar do que pensam ser notícia, mesmo que sejam boatos, histórias pela metade, inverdades, calúnias etc), fotos de "crianças abandonadas" (no Brasil, na Indonésia, no Gabão, não importa, o negócio é comover!), montagens de toda sorte - enfim gente de vários níveis sociais, econômicos e culturais embarcando em muita coisa sem comprovação alguma. É a velocidade da internet e o imediatismo ampliando até coisas bizarras com as quais muita gente não concordaria em sã consciência.

Seria cômico se não fosse trágico saber que uma figura como Zé Ramalho foi, igual a tantas outras, vítima desse vírus do imediatismo desenfreado (e irresponsável) que assola as mídias sociais. Outras figuras públicas já passaram por isso, mas ver o próprio artista sendo "obrigado" a garantir que está vivo é, no mínimo, bizarro!

Uns, certamente, fazem isso por certa dose de ingenuidade. Outros, por pura desinformação, que pode vir acompanhada pelo deslumbre que a presença na rede mundial causa. Outro grupo de pessoas, sem dúvida, pela completa maldade. O negócio seria "espalhar o terror", pois existem novatos, incautos, desavisados, desinformados em excesso e por aí vamos. Ou seja, um território fértil para esse tipo de uso da internet. E também porque muita gente acredita que está produzindo "informação" - mesmo que esta não passa, muitas vezes, de um relato pessoal sobre intimidades, coisas do cotidiano ou puro exibicionismo.

É bom lembrar que nada disso deve ser motivo para qualquer restrição às liberdades de uso deste ou de qualquer outra forma de manifestação via internet. Aqui deve continuar sendo o território livre da informação.

O problema é quem produz (e reproduz) tudo o que vê pela frente. A estes, sim, no mínimo, recomenda-se um exame de consciência sobre o uso de uma ferramenta tão interessante e útil, como é o caso do Facebook. Se não colaborarmos com a reprodução de asneiras e mentiras já teremos dado um grande passo. Não custa nada ligar o desconfiômetro toda vez que aparecer alguém anunciando algo que ninguém confirmou. E, menos ainda, curtir, reproduzir ou passar à frente ideias, "notícias" ou informações com as quais você não tem a menor concordância. Isso ajuda e muito!

domingo, 26 de maio de 2013

Um filme para refletir sobre a condição de Renato Russo

ARTIGO

AS DORES DO MUNDO DE RENATO RUSSO

Por Djair Galvão*

A cinebiografia de Renato Russo usou a capa da visibilidade de uma de suas canções – Somos Tão Jovens – para tornar invisíveis as dores que formaram um dos personagens mais criativos, sofridos e sinceros da geração musical brasileira dos hoje celebrados anos 80 da nossa era. A produção dispensa comentários porque é realmente impecável.

Que bom que não se trata de um filme para matar e nem para resgatar nada: saudades, ilusões, erros, acertos, dias melhores, piores ou mesmo uma geração. E nem mesmo serve para encorpar politicamente qualquer discussão sobre a última fase da ditadura militar que durou de 1964 a 1985. Passa por isso, vai além disso e não se presta a uma proposta de “mudar o mundo” – porque Renato Russo descobriu a tempo que ninguém muda nada - para sorte dele e da música brasileira que as coisas são assim. Sua atitude punk inicial foi o impulso elétrico para criar. E ponto de partida do rosário de dores vividos por ele.

Ainda a propósito de mudar ou não, vale lembrar que o movimento punk, nascido sob as barbas do conservadorismo britânico nos idos de 1977 – e que inspirou Renato e seus amigos de estrada -, viu florescer uma era muito pior com o tatcherismo reacionário poucos anos depois. A reação ‘liberalizante’ inglesa dos anos 1980 em diante inspirou governos mundo afora com supostas receitas modernizantes que todo mundo sabe no que resultaram hoje.

Voltando ao Somos Tão Jovens, o que se vê na tela é uma roteirização livresca. É como se a direção tivesse se inspirado nas veias dos antigos cordelistas do Nordeste brasileiro que criaram as histórias do Pavão Misterioso ou as narrativas maliciosas e tresloucadas de Cancão de Fogo. O personagem sofre o tempo todo, mas sempre dá um jeito de mostrar o seu valor, e Renato Russo foi muito mais do que um “jovem rebelde”. Ele simplesmente pegou uma estrada e foi metendo a cara. Quebrando a cara e as barreiras. Morrendo e aprendendo a viver de outro jeito possível.

O filme não mostra heroísmo da parte dele, exatamente como aconteceu. Renato não passa de um garoto doente, como se fosse frágil, quase em pedaços, que remenda lágrimas, chora nos ombros de uma menina e aprende barbaridades para transformar em poesia e sons. Bom ver também que a direção do longa não perdeu tempo com o encantamento – ou o desencanto - que seu dualismo sexual poderia render a analistas que buscam realçar supostas vantagens e desvantagens comportamentais de figuras como o cantor em questão.

Renato Russo não foi político partidário, mas adorava odiar os quintos dos infernos da política rasteira, sem com isso propor coisas alguma em matéria de organização. Falava de consciência, de romper com a alienação, gritava, berrava e chorava de dor pelo que não saía do lugar, talvez porque soubesse que não sairia. Seu papo era com o interior, com a mudança interna, sem medo imediato das reações externas – essa sim a imutável característica punk-rock-anarquista que carregou consigo até virar cinzas no jardim, depois da morte.

Impossível assistir ao filme sem atentar para as belas passagens históricas do Brasil daqueles tempos, mesmo que em Renato Russo fosse clara a insatisfação com um tempo determinado. Não era aquele o seu tempo, pois ele suspeitava como na música título do filme, que nós temos “todo o tempo do mundo”. Para viver, para não fazer nada, passar a vida em brancas nuvens ou apenas apreciar as belezas naturais dos elefantes arquitetônicos das nossas capitais. Ele, pelo visto, só tinha tempo para pensar e tascar tudo no papel. E depois transcrever com um olhar de ódio tão mortal quanto sua doçura de sofredor profissional.

É importante destacar os ingredientes usados no filme para retratar a vida de Renato Russo e das bandas de rock de Brasília, que deram o tom daquela geração: liberdade de criação, horror aos preconceitos baratos (que infestam a atual geração dos stand-up comedians) e poder de síntese dos sentimentos mais nobres. Ali tinha gente que sabia lidar com a palavra, com o banal e com o essencial – coisas que os derrames musicais escatológicos destes nossos tempos embrulharam em papel jornal e enterraram em Marte desde as eras axenozóicas.

A crítica de cinema nacional pode espernear, falar mal, procurar agulha no palheiro e rodar a bicicleta laranja, mas não terá como não considerar este o melhor filme brasileiro dos últimos tempos. De 2013, isso já é garantido. Mesmo que ainda venha outro tanto de produções.

Quem for ao cinema ver Somos Tão Jovens não se arrependerá. Não se chocará. Não terá sustos. Será simplesmente brindado com inteligência, bom humor, fidelidade biográfica e ritmo primoroso. O resto fica por conta de quem viveu, amou, sofreu e chorou o capítulo final de uma era que teve o mérito de ser como Renato Russo: diferente e marcante, embora não queira servir de lição para os tempos atuais, pois continuaremos a ter “todo o tempo” para fazermos o que bem entendermos do nosso mundo. E assim será.

* Jornalista e escritor, autor de O Saci de Duas Pernas

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Festival literário cresce a cada ano no interior de SP

O Festival Literário de Votuporanga (FLIV) chegou este ano à sua terceira edição mostrando como uma cidade do interior de São Paulo consegue ampliar seu espaço e produzir um evento de peso regional. Tive o prazer de participar dos eventos realizados no FLIV 2013 dias 4 e 5 de maio, onde lancei a terceira edição de O Saci de Duas Pernas, comungando de algumas das excelentes manifestações selecionadas para esta edição.

O FLIV 2013 escolheu como homenageado o poeta, cantor e compositor carioca Vinícius de Moraes, mas foi muito além dos livros e da poesia. Trouxe nomes como os escritores Paulo Lins e Marcelino Freire, além dos poetas Sérgio Vaz e Antônio Cícero - cuja participação em debates sobre cultura e produção cultural foi muito prestigiada. Também marcaram presença grupos de dança e de teatro popular, como foi o caso da Cia. Forrobodó, com adaptações criativas prestigiadas por grande número de pais e crianças no final de semana de 4 a 5 de maio.

O FLIV começou dia 30 de abril, com abertura do show do cantor Toquinho, seguido por diversas atividades no campo da arte. Diversos locais próximos abrigaram os debates, a área das livrarias e os palcos. Uma demonstração de que a Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Votuporanga - ancorada por diversos parceiros de peso da região - acertou no modelo, que tende a se consolidar no cenário dos festivais literários.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Monteiro Lobato: vida e obra em cordel

Para lembrar a passagem do Dia Nacional do Livro (18 de abril), data criada em homenagem ao nascimento do escritor paulista Monteiro Lobato, faço registro de um livro muito interessante que conta a história do criador do Sítio do Pica-Pau Amarelo e de tantos outros personagens brasileiros.

Trata-se de A Vida de Monteiro Lobato, do cordelista cearense Francisco Leite, imortalizado com o nome de Serra Azul (1893-1985). Por si só, o cordel já tem a beleza da poesia que prende o leitor desde o início, com a marcação histórica e o ritmo. Junte-se a isso um personagem como Lobato e tudo fica ainda melhor. E completa o fato de ser uma obra ilustrada.

A publicação é da editora Ensinamento, em cujo site pode ser adquirida a obra de Serra Azul sobre o grande escritor brasileiro nascido na cidade paulista de Taubaté, no Vale do Paraíba.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Lançado mais uma aplicativo para ampliar a comunicação

Do Estadão Online

Aplicativo traduz textos e áudios em português para Libras

"Quase 10 milhões de brasileiros são deficientes auditivos, segundo números do Censo 2010 do IBGE. Desse total, aproximadamente 5 milhões utilizam a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para se comunicar e, desse grupo, 2 milhões não têm fluência na língua portuguesa.

Por isso, a partir desta terça-feira, 2, um aplicativo promete facilitar o diálogo desses cidadãos com outros que vivem a mesma situação ou até mesmo com quem não tem qualquer problema de audição. O ProDeaf, lançado hoje pela empresa pernambucana de mesmo nome, faz a tradução para Libras de textos e áudios em português, em tempo real. O app já está liberado para download no Google Play e também poderá ser instalado a partir do endereço http://prodeaf.net/". Leia mais.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Música erudita: formação de professores em SP

Do site da Orquestra Sinfônica de SP (Osesp):

FORMAÇÃO DE PROFESSORES

"O programa oferece cursos para professores com ou sem conhecimento musical e tem como objetivo fornecer subsídios teórico-práticos para que o professor desenvolva atividades musicais em sua escola e prepare seus alunos para assistir ao evento didático do Descubra a Orquestra". Leia mais.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Vídeo inteligente sobre direção e álcool

A produção abaixo mostra como ninguém concorda em deixar alguém alcoolizado conduzir o carro, por exemplo quando deixamos nosso veículo nas mãos de um funcionário de estacionamento. Bela sacada, por meio de uma "pegadinha", que poderia ser usada na TV! Assista!