terça-feira, 11 de maio de 2010

Insensibilidade e desrespeito sem fronteiras


A cena a seguir que descreverei resumidamente não acontece somente em cidades como São Paulo: uma pessoa sofre de um mal súbito, cai e, mesmo depois de tentativas de reanimação por paramédicos, termina morrendo. O local é um restaurante, frequentado por mais de uma centena de pessoas, em pleno horário do almoço, no centro da Capital.

O relato me foi passado por amigos que assistiram de perto o desenrolar do que poderia ter sido mais um caso em que alguém passa mal e acaba morrendo. Infelizmente a tragédia teve componentes piores do que as tentativas de socorro que não deram o resultado esperado.

Sobraram insensibilidade e desrespeito. Parece que essas duas coisas não conhecem fronteiras quando se tem uma parte da sociedade 'anestesiada', seja por egoísmo, perda de valores humanistas ou por pura covardia.

O que se seguiu após a morte da pessoa no restaurante foi ainda mais chocante: o corpo ficou no chão à espera da perícia do IML e, pasmem, praticamente ninguém deixou o local, a maioria tomando lanche, almoçando em mesas próximas ou observando o que se passava. Os responsáveis pelo local, aturdidos com a cena, não trataram de fechá-lo - garçons e atendentes trabalhavam, enquanto pessoas e curiosos em geral entravam e saíam do comércio como se nada tivesse acontecido.

Acrescente-se a isso a reação de policiais e outras autoridades que vieram prestar socorro, que sequer tomaram a iniciativa de ordenar o fechamento do restaurante. Um misto de covardia, ilegalidade, insensibilidade e desrespeito.

É isso que marca a vida nos grandes centros, cena que ficou imortalizada na triste história cantada em versos por João Bosco na música "De frente pro crime". A passagem "Tá lá o corpo estendido no chão" e o desenrolar grotesco da história se repetiu dia desses. Lamentável o retrato de uma triste realidade, só que desta vez era real e não dava para rimar com nada decente...

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