terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Filme antigo, tema atual e sempre polêmico


As especulações geradas pela condição de um personagem vivido pelo ator Marcelo Antony na novela Passione (Globo) deram margem a acalorados debates sobre um tema complexo e sempre polêmico: a pedofilia. Embora o autor da trama garanta que esta não é exatamente a situação de Gerson (Antony), o fato é que a discussão tomou conta das ruas, dos blogs, dos jornais e revistas nos últimos tempos.

Natualmente causadora de repulsa, a pedofilia é um tipo de crime que muitos especialistas consideram ter uma pena branda no Brasil. Em alguns estados dos EUA dá pena de morte. Esta parte do debate tem caráter jurídico e tem sua força movida a emoções e conflitos para os quais a sociedade ainda não encontra saídas facilmente. Existe, de fato, o consenso sobre a natureza cruel e repulsiva do ato.

A propósito do assunto, vi dia desses o filme O LENHADOR (EUA, 2004), estrelado por Kevin Bacon e grande elenco. Aborda o espinhoso tema ao contar a história de Walter, um ex-prisioneiro que passou doze anos na cadeia por crime de pedofilia. Sai da cadeia para a liberdade condicional, vigiado, odiado - e até é aceito por uma mulher que conhece no trabalho. O que parece impossível é Walter se libertar dos fantasmas que o atormentam.

Vive pisando no fio da navalha, muito menos pelo sistema que o vigia e pelos que o cercam, e muito mais pela perturbação que envolve a personagem. O filme aborda um problema delicado sem assumir posição, mas demonstra rara sensibilidade ao mexer sutilmente com medos e ódios tão caros à sociedade como um todo - particularmente à família. O mérito da trama está neste ponto.

Trata-se de um debate antigo, que dificilmente será resolvido mesmo com as necessárias penas duras aos pedófilos. Envolve desvios de comportamento e, como tal, pede um conjunto de ações do tamanho da sua complexidade.

O filme é antigo, mas o debate não sai de cena, embora ganhe ares de novidade sempre que alguém resolver mexer no vespeiro. Recomendo o filme como reflexão, não como meio de compreender esse tipo de comportamento estranho a tudo o que se espera de um ser humano minimamente dotado de sentimentos.

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