domingo, 13 de fevereiro de 2011

Quando o limite é a insanidade


Em todo o mundo, o futebol tem exemplos de ultrapassagem dos limites básicos de civilidade e respeito. Não importa o campeonato. É raro tomarmos conhecimento de alguma partida com equipes de renome - nacional ou internacional - em que a disputa se encaixe na clássica frase "que vença o melhor".

Milhões de cabeças, bolsos, cofres e interesses que povoam os campos, clubes, entidades, jogadores, dirigentes, patrocinadores - e por último os torcedores - fazem deste esporte um vetor de explosões e de problemas que mexem com a sociedade, nem sempre de modo a colaborar para uma convivência sadia.

A mídia destaca no Brasil os recentes casos de dois jogadores que estão deixando os campos por medo da fúria dos torcedores. Dirigentes são acusados de participar de negociatas e toda sorte de transações no mercado da bola. Juízes comentam ou são acusados de favorecer este ou aquele time. São diversos exemplos que mostram como este esporte popular hoje está tomado de problemas.

Afora os problemas acima citados, o comportamento e a reação das torcidas e de determinados torcedores talvez sejam os mais degradantes do ponto de vista da quebra de valores sociais e morais importantes e caros à sociedade como um todo. A regra dentro e fora dos campos não tem sido a do respeito aos adversários, nem mesmo aos torcedores do mesmo time. São fartos os exemplos até de assassinatos de torcedores no mundo todo, em particular no Brasil nos anos recentes.

Vale frisar o modo como determinadas pessoas se tratam no dia-a-dia, em geral usando adjetivos ligados aos nomes dos times de forma pejorativa. Não raro é notarmos o quanto se busca 'diminuir' o torcedor do time adversário com denominações como 'assaltante', 'veado' ou 'pobre'. Termos desse naipe são repetidos a toda hora em locais de trabalho, escolas, bares, restaurantes, em casa ou na rua. Virou um vício nacional maltratar o torcedor do time com o qual não simpatizamos.

De fato, trata-se de uma distorção que teria tudo para ser uma brincadeira, não fosse o modo agressivo com quem crescem os problemas e o que provocam a longo prazo. A velha e saudável "disputa" virou simplesmente um caso de vida ou morte para determinadas pessoas que fazem do futebol uma espécie de válvula de escape para problemas ou frustrações maiores.

Espera-se que a consciência acerca disso vire motivo de debate daqui a algum tempo, sob pena de perdermos o senso. Sabemos que torcer por um time é um ato de paixão, de prazer e de alegria, mas isso não pode ser confundido com uma espécie de carta branca para o desrespeito geral aos "adversários". Não faz bem a ninguém o esporte virar uma fábrica de 'inimigos' que se cruzam em todos os cantos, sempre expostos a explosões de fúria e outros problemas, maiores ou menores.

Cidadania é algo que este esporte perdeu um tanto de vista nos últimos tempos, mas pode-se recuperar com a consciência de que ninguém é melhor ou pior do que ninguém por conta de um time de futebol. E nem tem motivos para fazer disso uma batalha diária contra os outros.

Torcer com respeito e dignidade é o melhor caminho!

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