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Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo desta terça-feira (15), o jornalista Jairo Marques faz um interessante jogo de palavras com uma definição clássica de comunicação segundo a qual "uma imagem vale por mil palavras". Como o mundo também é habitado por deficientes visuais, ele reordena a máxima: "Para quem nada vê, imagem nenhuma substitui as palavras".
Seu artigo é voltado para cobrar a implantação do sistema de "audiodescrição" na programação das tevês. Já existe tecnologia e lei para tal fim. A coisa funcionaria de forma simples: durante duas horas por dia, as redes de televisão ofereceriam a opção de um locutor descrevendo o que se passa no programa em exibição - além do recurso dos caracteres na tela conhecido como "closed caption".
Segundo ele, algo como dizer o que uma atriz faz, descrever um personagem em movimento ou alguns sons que são emitidos e que não são devidamente compreendidos por quem não vê. Seria uma espécie de "tradução" do que o vídeo mostra.
Concordo plenamente com a ideia, que vai além de uma "mãozinha" aos deficientes visuais. Amplia o conhecimento para quem é deficiente, sem esquecer que se trata de maior acesso à cidadania. Basta lembrarmos que a tevê, muitas vezes, exibe cenas durante minutos seguidos em que aparecem apenas imagens e trilha de fundo.
A propósito disso, lembro-me quando da instalação do sistema que avisa em que qual andar o elevador está e também informa sobre a abertura e fechamento das portas deste. Alguns prédios em grandes cidades já dispõem desta "gravação" - que deveria ser obrigatória em todos os elevadores, em edifícios novos ou antigos.
No meu local de trabalho, assim que o sistema começou a funcionar, muita gente reclamava da "chatice" de ouvir "porta abrindo, porta fechando, terceiro andar". Certamente se esquecendo de que isso é fundamental para quem não vê.
É a velha luta contra o individualismo, outro inimigo da inclusão.
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